ATA DA DÉCIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 27.03.1987.

 


Aos vinte e sete dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Mano José, Pedro Ruas, Raul Casa, Wilson Santos, Kenny Braga, Artur Zanella e Nilton Comin. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Jorge Goularte que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, foram aprovadas as Atas da Oitava e da Nona Sessões Ordinárias e da Segunda Sessão Solene, as duas últimas após terem sido lidas pelo Sr. Secretário. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Ignácio Neis, 01 Pedido de Providências solicitando patrolamento e ensaibramento na Rua Alarico Ribeiro; pelo Ver. Kenny Braga, 01 Projeto de Lei do Legislativo, nº 10/87, que denomina Avenida Túlio de Rose uma via pública (proc. nº 647/87); 01 Pedido de Providências, solicitando que seja recolocada, na pedra existente para esta finalidade, placa de bronze denominativa da Praça Sport Clube Internacional, localizada entre o Hospital Porto Alegre e a Escola Estadual Coronel Emílio Massot, na Cidade Baixa, quase esquina com a Avenida Ipiranga, e que seja feita uma limpeza completa na referida Praça, em toda a sua extensão; pelo Ver. Pedro Ruas, 03 Pedidos de Providências, solicitando reparos na Avenida Cavalhada, nas proximidades do nº 3800, onde são inúmeros os buracos; instalação de uma sinaleira para pedestres na Avenida Cavalhada, defronte ao nº 3800, onde se localiza o Lar Otília Chaves; retirada de animais mortos da pista da Avenida Cavalhada, nas imediações do nº 3800. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios de nos 20/87, do Diretor-Presidente da Caixa Econômica Estadual; 170/87, do Sr. Prefeito Municipal. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nos 02; 07; 08; 09; 15; 16; 17/87; os Projetos de Lei do Legislativo nos 03; 05/87; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/87, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; o Projeto de Resolução nº 04/87; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 146/85; 91; 94/86; 02/87; os Projetos de Lei do Executivo nos 13; 14/87; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 86; 87/86, discutido pelo Ver. Pedro Ruas; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/87; os Projetos de Lei do Executivo nos 10; 11/87. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Ver. Jorge Goularte referiu-se à poluição sonora que se evidencia em Porto Alegre nos horários noturnos, lembrando que não vem sendo cumprida Lei de autoria do ex-Vereador João Dib que regula os limites de ruídos na Cidade. Registrou estar encaminhando Pedido de Informações ao Executivo Municipal sobre que medidas estão sendo tomadas para controle dos ruídos nas áreas mais críticas da Capital. Ao final, destacou os prejuízos trazidos à saúde pela poluição sonora. O Ver. Hermes Dutra destacou o reforço trazido aos cofres municipais pelo aumento dos Impostos Predial e Territorial neste ano, informando que apresentará projeto que modifica artigos da Lei Complementar nº 7, relativos ao mapa de valores da Capital, submetendo este último à apreciação por esta Câmara Municipal. Declarou que dará especial atenção à questão da reforma tributária e informou sobre projeto de lei de sua autoria que tentará modificar a forma com que são taxados os imóveis em Porto Alegre. O Ver. Nilton Comin apresentou e comentou projeto de lei de sua autoria que cria o Departamento de Zoonoses para o Município. Reportou-se a matéria do jornal Zero Hora, relativa a paciente picado por cobra venenosa e que foi atendido no HPS, destacou os inúmeros riscos e doenças causadas por diversos animais, em especial insetos, e salientou que a Cidade não oferece qualquer defesa à população, em termos de saúde pública, no controle das zoonoses. O Ver. Isaac Ainhorn leu e comentou matéria do jornal Zero Hora, sobre a ameaça de despejo à Televisão Educativa por parte do IAPAS, salientando as inúmeras dificuldades enfrentadas pela TVE desde sua fundação. Afirmou a necessidade de que as forças políticas e o Governo do Estado agilizem soluções definitivas para o prédio da TVE. E o Ver. Artur Zanella comentou notícia de que o Estado irá solicitar reposição dos recursos que cabem à Caixa Econômica Estadual pela absorção de cadernetas de poupança de empresas que entraram em liquidação. Fez considerações acerca da solicitação, por parte do Governo do Estado ao Governo Federal, no sentido de que este pague pela encampação das estradas que passaram para o âmbito federal, sobre o retorno dos recursos dados pela isenção do ICM e sobre diversas outras medidas previstas para a Administração Estadual neste ano. Ainda, criticou comentário do Sr. César Schirmer, de que este entregará a chave do Estado ao Ministro Dilson Funaro caso não receba os recursos solicitados ao Governo Federal. Ao final, contestou críticas do Prefeito Municipal de Canoas à sua administração quando na função de Secretário do Governo do Estado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Pedro Ruas protestou contra as agressões sofridas pelos bancários de parte da Brigada Militar, durante o exercício de seu legítimo direito de reivindicação, lembrando ser tal fato negativo para o novo Governo Estadual. Referiu-se aos problemas de segurança pública, mencionando fato ocorrido com o Ver. Paulo Satte. Afirmou que a mudança do Governo do Estado não modificou o tratamento ao trabalhador, fazendo comentários a respeito. A seguir, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Ignácio Neis e Isaac Ainhorn, acerca do pronunciamento do Ver. Pedro Ruas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Hermes Dutra reportou-se à ocorrência de rapto e assalto ao Ver. Paulo Satte, afirmando que tal fato reflete o alto grau de insegurança a que está sujeita a comunidade de porto-alegrense. Mencionando que os atos de delinqüência são freqüentemente atribuídos à população de baixa renda, contestou tal posicionamento e afirmou que muitos crimes são cometidos por indivíduos da média e alta classe, o que reforça a necessidade de medias rigorosas no controle da segurança no Estado. O Ver. Caio Lustosa teceu comentários acerca da crise econômica que atinge o País. Analisando os vários movimentos reivindicatórios que vêm ocorrendo, declarou-lhes seu apoio e afirmou sua confiança de que o Governador Pedro Simon encontrará solução para amenizar a situação do Estado. Falou sobre a segurança pública no País. Ao final, destacou a necessidade de moralização do serviço público, com o respeito ao funcionalismo e extinção das mordomias exageradas. O Ver. Antonio Hohlfeldt tratou sobre a greve dos bancários e criticou a violência havida durante as manifestações dos mesmos, indagando sobre de que parte houve desobediências às ordens de conduta durante o movimento, seja pelos policiais ou pelo próprio Comando da Brigada Militar. Parabenizou-se com os Secretários Nereu D'Ávila, pela notícia de adoção, por parte da SMIC, dos alvarás anuais, e Elói Guimarães, relativamente à questão dos quebra-molas na Capital. Em continuidade, o Sr. Presidente registrou documentos recebidos de parte do Ver. Cleom Guatimozim, Líder da Bancada do PDT, em que S.Exa. informa que a Verª Teresinha Chaise passará a exercer a Vice-Liderança em lugar do Ver. Isaac Ainhorn e comunica o desejo de mudança da participação nas Comissões Permanentes entre os Vereadores Kenny Braga e Isaac Ainhorn. Ainda, o Sr. Presidente informou ao Plenário que a solicitação de permuta entre as Comissões Permanentes deve passar pela votação pelo Plenário. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos referiu-se aos salários do investigador e do escrivão da Policia Civil e dos cabos e soldados da Brigada Militar, registrando documento que encaminhará ao Sr. Secretário de Segurança Pública do Estado no sentido de que seja feito criterioso exame da matéria. E o Ver. Lauro Hagemann fez análise dos incidentes de espancamento aos bancários grevistas por parte da Brigada Militar, registrando que tal fato demonstra a inconformidade de setores da Brigada com o posicionamento manifestado pelo Sr. Secretário de Segurança Pública com relação ao movimento e exprime o desafio destes setores àquela autoridade. Clamou ao Sr. Secretário que assuma efetivamente o comando dos setores de segurança do Estado, antes que se suceda a instabilidade nestes setores. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos às onze horas e vinte e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Gladis Mantelli e Frederico Barbosa e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa e Ignácio Neis, este último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Srs. Presidente e 1º Secretário.

 

 


A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

Solicito ao Sr. Jorge Goularte que proceda à leitura de trecho da Bíblia.

 

O SR. JORGE GOULARTE: (Lê.)

“O príncipe que presta atenção às mentiras, só malvados terá por ministros.

O pobre e o usuário encontram-se; Deus é quem ilumina os olhos de ambos.”

 

A SRA. PRESIDENTE: O Sr. 2º Secretário procederá a leitura das Atas da Nona Sessão Ordinária e da Segunda Sessão Solene.

 

(O Sr. 2º Secretário lê.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Em votação as Atas lidas, bem como a Ata da Oitava Sessão Ordinária. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.

O Sr. 2º Secretário dará conhecimento ao Plenário das proposições encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: À Mesa foram encaminhadas proposições pelos Srs. Vereadores: (Passa a ler.) Ignácio Neis (2), Pedro Ruas (3) e Kenny Braga (1).

É só Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE: O ementário do Expediente está distribuído em avulsos.

A seguir, passaremos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0101 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 002/87, que autoriza o Município a permutar imóvel de sua propriedade por imóvel de propriedade de José Abujamra e dá outras providências.

 

PROC. 0203 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/87, que autoriza o Município a alienar imóvel de sua propriedade a Jorge Ferreira Sporleder e dá outras providências.

 

PROC. 0386 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 008/87, que declara de utilidade pública a União Gaúcha de Criadores de Rãs - UGCR.

 

PROC. 0432 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/87, que declara de utilidade pública o Instituto Educacional da Criança Porto-Alegrense.

 

PROC. 0525 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 003/87, do Vereador Hermes Dutra, que denomina Rua Álvaro Difini um logradouro público.

 

PROC. 0561 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/87, do Vereador Hermes Dutra, que inclui, no 1º PDDU, a UTR-02, na UTSI-27, institui regime urbanístico e dá outras providências.

 

PROC. 0567 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 005/87, do Ver. Hermes Dutra, que denomina Estrada Rincão do Leão uma via pública.

 

PROC. 0597 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 015/87, que cria e extingue Funções Gratificadas.

 

PROC. 0598 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 016/87, que cria cargos em comissão e funções gratificadas e dá outras providências.

 

PROC. 0599 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/87, que cria funções gratificadas e cargo em comissão e dá outras providências.

 

PROC. 0571 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 004/87, do Vereador Pedro Ruas, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Luiz Carlos Prestes.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2741 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 146/85, do Ver. Valdir Fraga, que denomina Avenida Francisco Roberto Dall’Igna uma via pública.

 

PROC. 2646 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 091/86, do Vereador Raul Casa, que denomina Rua Carlos Nobre um logradouro público.

 

PROC. 2664 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 094/86, do Ver. Raul Casa, que denomina Rua Vitor Mateus Teixeira um logradouro público.

 

PROC. 0446 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/87, do Vereador Clóvis Brum, que institui isenção do pagamento de tarifa nos serviços de transporte coletivo, por ônibus, para alunos regularmente matriculados no ensino de 1º grau.

 

PROC. 0516 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 013/87, que altera os valores da Lei nº 5.858, de 12 de janeiro de 1987.

 

PROC. 0548 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 014/87, que dispõe sobre a aplicação de recursos oriundos de convênio autorizado pela Lei nº 5.872, de 28.01.1987.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2580 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 086/86, do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Carlos Nobre as futuras instalações do Galpão Crioulo do Parque da Harmonia.

 

PROC. 2588 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 087/86, do Ver. Pedro Ruas, que denomina Rua Vereador Valneri Antunes a atual Rua Tenente Ary Tarragô, localizada no Bairro Jardim Sabará, e dá outras providências.

 

PROC. 0272 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 001/87, do Vereador Hermes Dutra, que dá nova redação ao artigo 132, da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985.

 

PROC. 0433 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 010/87, que declara de utilidade pública a União Sul Brasileira de Educação e Ensino - USBEE.

 

PROC. 0463 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 011/87, que declara de utilidade pública a Fundação Irmão José Otão.

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, para discutir a Pauta.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, em 1ª Sessão de Pauta, o Projeto de Lei Complementar deste Vereador, que introduz modificações na Lei do Plano Diretor. Na verdade, o Projeto de Lei, embora tecnicamente incluído na UTR 02, UTS 27, que institui regime urbanístico e dá outras providências, quer dizer o seguinte: os moradores do Bairro Chácara das Pedras estiveram aqui no ano passado e entregaram a cada Vereador um documento pedindo a alteração da zona urbanística do Bairro Três Figueiras, para atingir uma parte do Bairro Chácara das Pedras, que eles tinham comprado há muito anos e ali construíram suas residências, na expectativa de que fosse uma zona residencial. Cada Vereador recebeu um abaixo-assinado com extensa documentação. Este Vereador e o Ver. Raul Casa, entabulando conversa, sensibilizaram-se com a reivindicação daqueles moradores e resolveram apoiar a luta. Este apoio veio a se refletir, após uma série de reuniões e discussões técnicas, na apresentação deste Projeto de Lei que, basicamente, proíbe a construção de conjuntos de edifícios naquela área da Chácara das Pedras. É claro que este Projeto fere alguns interesses - eu não tenho a menor dúvida -, mas tenho me preocupado muito, Sra. Presidente, porque a Cidade não pode estagnar e, se não pode estagnar, nós não podemos fechar os olhos para algumas áreas que devem ter suas características conservadas, senão pelo respeito aos moradores que adquiriram suas casas com certo grau de expectativa, senão por isso, até mesmo porque há certos locais de residências aprazíveis que é interessante para a Cidade preservar. Não me filio a esta corrente de pessoas que acham que Porto Alegre deveria ser como aquelas cidades dos filmes americanos: todo mundo com sua casa com jardim na frente, e algumas com cerquinha branca, e uma casa para cada família. Nós sabemos que não temos famílias para colocar nessas casas. É até ridículo se imaginar uma cidade assim, embora eu respeite a posição de pessoas que defendem com certa intransigência a não-mudança do Plano Diretor. Acho que esse é um direito que cada um tem. Agora, imaginar-se uma cidade para a qual nós não temos habitantes, porque se precisa ter uma renda média alta, um automóvel, porque, fatalmente, vai ser um pouco longe da área de abastecimento, outro veículo para a família, coisas que, efetivamente, a Cidade não pode ser dar ao luxo de ter... Não podemos fechar os olhos, repito, é para o interesse específico de algumas comunidades, que é o caso daquela região ali. Aquela área é um dos locais mais belos de Porto Alegre, e a legislação hoje permite que ali se construam edifícios. Pode acontecer que, num futuro muito próximo, nós tenhamos dois, três edifícios e uma residência apertada e até sem a possibilidade de oxigenação, que era a expectativa de quem comprou aquele imóvel. Ali há poucas áreas desabitadas, a não ser na base do limite que nós fazemos aqui. Realmente, pega uma área bastante discutida, que vai até atentar contra o Projeto porque fere alguns interesses, o que acho plenamente normal. Cada um luta por aquilo que acha certo, e cabe a nós respeitar. Mas nós temos que evitar que aconteça, pelo menos naquele local, porque já está urbanizado, não tem grandes vazios urbanos. Agora, num futuro próximo, pode acontecer a compra sistemática de residências e a construção de edifícios. E aqueles que não querem vender as suas casas, querem apenas morar, como é que ficam? Há valorização dos imóveis, chamado de valor venal, que dá valor comercial, mas eu não quero vender a minha casa; então, não tem nada a ver o valor comercial da minha casa. E se o mercado imobiliário tem uma crise e os preços sobem, eu sou prejudicado no imposto. Eu tenho uma rebeldia contra essa filosofia do imposto. Mas isso é outra história sobre o qual nós vamos voltar a discutir neste ano. Voltando à Chácara das Pedras, nós vamos ver que muita gente só quer morar, não tem interesse em vender a sua residência. Então, é necessário dar a essa gente a garantia de que amanhã não lhe será colocado um espigão ao lado. Isso não quer dizer que não se deva permitir a construção de edifícios. O que tem que ficar bem claro é que a Cidade não pode se tornar um exército de espigões, mas não pode se tornar, também, como alguns pensam, um bairro de Hollywood, como o cinema americano costuma nos mostrar, com belas casas e belas mansões para todos os cidadãos. Nós, infelizmente, não temos cidadãos para morar nesses locais e, mesmo que tivéssemos, faltaria área na cidade de Porto Alegre para todos morarem. Acho que, quando não se pode fazer o ótimo, tem que se fazer o bom. Um não é inimigo do outro. E nós temos que ter suficiente capacidade para enxergar essas coisas. Não é uma luta minha. Cada Vereador recebeu, de parte dos moradores, um dossiê completo e, como disse, como ninguém que eu tivesse visto tomou partido de levar adiante essa luta, o Ver. Raul Casa e eu resolvemos encampá-la, o que resultou na elaboração desse Projeto de Lei. Esperamos contar com a colaboração dos companheiros. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito em Pauta é o Ver. Artur Zanella. Ausente. Ver. Raul Casa. Ausente. Ver. Pedro Ruas. V. Exa. está com a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, está em Pauta, em 3ª Sessão, Projeto de autoria deste Vereador, que muda o nome da Rua Tenente Ary Tarragô para Rua Ver. Valneri Antunes. Em vários dias, nesta Casa, tivemos discussões e debates sobre o Projeto que hoje encerra período de Pauta em Plenário. É desnecessário falar da motivação que haveria em qualquer homenagem ao Ver. Valneri Antunes, de vez que o seu trabalho, a sua atividade, a sua luta é por todos reconhecida, em especial por quem tem ou teve, de alguma forma, vinculação ou contato com a população mais carente da nossa Cidade.

 O que eu gostaria de frisar, aproveitando este espaço de Pauta, não são as qualidades pessoais incontestáveis do Ver. Valneri Antunes. O que é importante frisar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, neste momento, é que este Projeto atende a uma reivindicação específica de centenas de moradores daquele logradouro, que nos procuraram e nos entregaram um abaixo-assinado que se encontra dentro do Projeto em debate. O que eu friso, neste momento, não são os méritos do homenageado, como eu já disse, reconhecidos e incontestáveis. O que friso é o pedido da comunidade, que teve em Valneri o parlamentar que organizou a sua Associação, que conseguiu a extensão no saneamento básico, com água, esgoto e iluminação, que lutou, diuturnamente, por aqueles moradores, que sentiram a morte de Valneri, não apenas como um amigo, mas como um homem dedicado, como um líder comunitário que por eles fez o que ninguém havia feito até o momento. O reconhecimento desses moradores se traduz na tentativa de homenagear aquele parlamentar, aquela pessoa que dedicou parte do seu mandato a trabalhar por eles. Este é o ponto, Srs. Vereadores, que devemos analisar quando da votação do presente Projeto. Ninguém vai aqui colocar em discussão o mérito do homenageado, porque sabemos que não haveria jamais contestação nesta Casa, em especial de quem o conheceu o trabalho, a atividade, a dedicação, a coerência daquele parlamentar. Agora, é imprescindível que se questione, aqui, a importância, a alta relevância do pedido dos moradores da Rua Tenente Ary Tarragô.

Ver. André Forster, são aqueles moradores, de uma forma simples, de uma forma humana, são eles que pretendem morar na Rua Valneri Antunes. E vão morar. Vão morar na Rua Valneri Antunes, através do pedido com 468 assinaturas que está dentro do Projeto e de mais 650, que totalizarão mais de 1000 assinaturas pedindo a mudança do nome da rua.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, fiz um pronunciamento da tribuna e V. Exa. afirmou coisa que não tinha afirmado. Queria confirmar: eu disse que queria que a comunidade fosse ouvida. Então V. Exa. disse: “então, eu já garanto o voto de V. Exa., porque a comunidade quer a mudança da rua”. Eu quero fazer uma pergunta a V. Exa. e, se a resposta for negativa, transformo a pergunta num apelo. Quanto ao Projeto que V. Exa. está encaminhando, V. Exa. pretende fazer o encaminhamento para que se realize um plebiscito na rua ou não? Se for fazer um plebiscito na rua, não há o que opor. Eu, de minha parte, antecipo o meu voto. Se a maioria for a favor da mudança, eu voto a favor. Se a maioria não quiser, eu voto contra. Eu acho que esta Casa já saiu bastante prejudicada em um outro episódio. Acho que não deve sair noutro. E, pelo que vejo, V. Exa. disse que a comunidade é a favor. Então, o melhor é fazer um plebiscito. Eu tenho conhecimento, pelo menos chegou aos meus ouvidos, que está vindo um abaixo-assinado contra.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só gostaria de registrar que há uma diferença substancial entre a Rua Ary Tarragô e aquela pleiteada há quase um ano, ou seja, a Av. Ipiranga. Enquanto os moradores da Av. Ipiranga, em massa, reclamavam que a lei estava sendo descumprida, se mobilizaram, fizeram pressão, com base na lei, contrariamente à mudança, neste caso, da mudança da Ary Tarragô, há uma mobilização, pelo que sei até agora, majoritariamente a favor da mudança. Existe um setor minoritário que é pela permanência. Então, o melhor é um plebiscito, mas para todos os casos. Agora, exigir um plebiscito apenas agora eu acho que fica muito mal. Aí nós vamos ter que votar politicamente. Politicamente, eu voto pela mudança para Valneri Antunes.

 

O SR. PEDRO RUAS: Eu agradeço os apartes dos nobres Vereadores e saliento que a expressão utilizada pelo Ver. Caio Lustosa me parece muito oportuna. Se casuisticamente se pretende a orientação legalista para tentar, de uma forma ou de outra, atacar uma reivindicação legítima pura e simples da comunidade de Porto Alegre, eu...

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acho que V. Exa. está extrapolando. Eu só pedi que se fizesse uma consulta à comunidade. Foi só isso. Eu estou sendo claro e aberto. Eu acho que o Ver. Valneri Antunes merece todas as homenagens, mas, quanto à mudança de nomes de ruas, a minha orientação, daqui para a frente, é para que a comunidade se manifeste.

 

O SR. PEDRO RUAS: Eu saliento a V. Exa. que a vontade da comunidade que V. Exa. tem interesse em consultar já está dentro do Projeto. E vai haver mais assinaturas, que chegam hoje ainda nesta Casa. Teremos mais de mil assinaturas numa rua que não chega a ter 1.500 moradores. Só que eu não vi, em nenhum momento, até agora, o tal abaixo-assinado dos moradores que são contra a troca do nome da rua. Não veio, até o momento, nem sequer uma assinatura. E as assinaturas a que me refiro os Srs. Vereadores podem observar dentro do Projeto e observarão, a partir de segunda-feira, mais seiscentas e cinqüenta, que completarão mais de mil assinaturas numa rua que tem, ao todo, menos de 1.500 moradores. Se alguém ainda tem dúvida da vontade popular nesta questão, neste Projeto, por favor, abra o Processo e leia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Não havendo mais oradores inscritos em Pauta, passamos ao período de

 

EXPLICAÇÃO PESSOAL

 

O primeiro orador inscrito é o Ver. Jorge Goularte, que tem a palavra.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, traz-me à tribuna, na manhã de hoje, o problema que está acontecendo em Porto Alegre com o ruído excessivo. Parece que a Lei João Dib, onde se pregava mais silêncio, mais saúde, ou menos ruído, mais saúde, está completamente defasada e sem uma atuação da Secretaria Municipal dos Transportes, responsável por esse setor. Eu vou fazer um Pedido de Informações ao Prefeito Municipal, para saber se estão sendo feitas medidas com decibelímetros nas áreas mais críticas de Porto Alegre e saber a quantas andamos. É, realmente, torturante para o munícipe, principalmente à noite, o barulho que existe em Porto Alegre. É uma verdadeira desordem generalizada. Não apenas na zona central de Porto Alegre, mas no Bom Fim, Partenon, Petrópolis, etc. Em todos os bairros está acontecendo uma situação de caos. É um barulho ensurdecedor por parte dos veículos pesados, e não apenas os veículos de maior porte, mas automóveis e, especialmente, motocicletas com canos retos, a infernizar a tranqüilidade e o sono do porto-alegrense. Por isso, nesta manhã, eu comunico que estou solicitando ao Prefeito Municipal informações para saber o que é feito da Lei que determinava levantamentos periódicos sobre os ruídos excessivos em Porto Alegre. Antigamente, tínhamos levantamos diários dessa situação, especialmente nos perímetros mais críticos, e hoje em dia nem se ouve mais falar na Lei do Silêncio. Os porto-alegrenses estão entregues à desordem e à baderna no que tange ao ruído excessivo em Porto Alegre.

Srs. Presidente e Srs. Vereadores, parece-me de extrema necessidade que nos conscientizemos de que o ruído excessivo também mata e aos poucos vai eliminando a saúde da população. Foi feito um levantamento, e a imensa maioria da população, especialmente os jovens, não só pelo barulho excessivo, mas também em conseqüência das discotecas, cinqüenta por cento dos jovens estão com deficiência auditiva e disto nós temos que ter consciência.

Ver. Caio Lustosa, V. Exa. é um homem interessado nesta área do bem-estar da ecologia: Porto Alegre está entregue não sei a quem. Eu acho que está completamente sem fiscalização. Não temos mais ninguém a falar em ruído excessivo e a fazer uso de decibelímetros para fazer levantamento dos ruídos.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Jorge Goularte, acho que tem plena procedência essa intervenção de V. Exa. porque, na realidade, estamos sem qualquer controle de ruído em Porto Alegre. Lembro-me que, quando da última visita que fizemos à SMAM, o aparelho que faz a medição de ruídos estava estragado e era um só. Não há controle nenhum disto. E a realidade nos mostra que a Cidade inteira sofre uma onde de ruídos avassaladora. Os moradores da Praça Júlio de Castilhos, mais de uma vez, têm solicitado intervenção pelo problema das descargas abertas, motos, etc. E assim outros pontos da Cidade, com discotecas, casas de danças, discos, ginásticas, com volumes que ultrapassam até 70 decibelímetros. Acho muito oportuna a sua intervenção e penso que é hora de ressuscitar a Lei, que, aliás, foi em boa hora apresentada pelo ex-Prefeito João Dib.

 

O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Mais uma vez, quero cumprimentar V. Exa. por este tipo de preocupação que tem com a população de nossa Cidade. Porto Alegre é uma capital sobre a qual gostamos muito de fazer colocações enaltecedoras, mas, neste campo da população sonora, pouco se fala. Além do nobre Ver. Caio Lustosa, V. Exa. e mais algum Vereador, ninguém mais fala e, na prática, não se consegue fazer um movimento unificado que dê respaldo a uma solução prática.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Agradeço os apartes e solicito à Prefeitura Municipal, na pessoa de seu Líder nesta Casa, Ver. Cleom Guatimozim, que leve ao Sr. Prefeito a inquietação deste Vereador e de outros no sentido de se agilizar, urgentemente, a fiscalização do excesso de ruídos, da chamada poluição sonora, que vem crescendo assustadoramente em Porto Alegre, infernizando a vida do porto-alegrense. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: O próximo inscrito em Explicação Pessoal é o Ver. Hermes Dutra, que está com a palavra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, a comemoração do aniversário de Porto Alegre não deve fazer com que pensemos somente em festa e parabéns. Não podemos esquecer dos problemas graves que a Cidade tem. Hora de festa é hora de festa, hora de reivindicações é hora de reivindicações. Nossa Cidade continua com aquela eterna queixa dos Prefeitos em relação à falta de verbas, de recursos para pagar bem os funcionários, pois precisam fazer obras necessárias à manutenção dos serviços, e a eventual feitura de novas obras está tendo um reforço de caixa em função do abusivo aumento do IPTU. É em relação a isto que comunico que estou elaborando um Projeto de Lei modificando a Lei Complementar nº 7, para tirar de vez aquele artigo que diz que nós aprovamos o mapa, que não sabemos como é, o que diz, se beneficia ou se prejudica alguém. Nossa assessoria já está elaborando a conclusão de uma mudança na Lei Tributária do Município, dizendo que o mapa de valores tem de vir para a Câmara. Para ser aprovado, teremos de ver esse mapa, saber o que nos espera. Com isso, não estou reconhecendo ser legal aquele aumento que o Prefeito deu por causa da Lei. Acho que a Lei está errada. Para evitar que essa discussão continue, vamos mudar a Lei para que, efetivamente, termine essa discussão, pois não tem cabimento aprovarmos um mapa sem nunca o termos visto. Um vizinho me questionou, pois viu uma entrevista do Prefeito em que ele dizia que a Câmara tinha aprovado e, talvez, tivesse dormido no ponto. Ele me perguntou, em termos de gozação: “Vereador, o Senhor aprova sem saber o que é?” Pela ótica do Prefeito, realmente aconteceu isso. A Lei está errada. Eu não sou advogado, mas sabemos que - os advogados que me ajudem - é até considerado infração, crime, alguém se valer de uma lei errada para tirar benefícios. Já ouvi, de um juiz, este assunto. Vamos modificar a Lei, exatamente para tirar de vez esta dúvida.

Outra questão que estamos estudando é a questão tributária de Porto Alegre, neste ano, para que, quando chegar setembro, pelo menos seja assunto devidamente tratado nesta Casa. Quero antecipar um projeto de lei para tentar - e digo tentar, porque sei que estas coisas não são fáceis - modificar a forma com que são gravados os imóveis na cidade de Porto Alegre, respeitando a legislação superior, de ordem federal, de ordem estadual, mas, no que concerne ao Município, buscando uma mudança, de forma que quem tem a sua casa para morar não seja tratado da mesma forma que aquele que faz uma casa por ano para ganhar dinheiro ou que tem 150, 200, 500 imóveis. Não é justo. Não podemos tratar igualmente os desiguais - aliás, este é um princípio de Direito Aristotélico. Então, há que se mexer na lei. Claro que essa mexida na lei mexe em alguns interesses - poderosos - mas a gente está aqui para isto, para tentar corrigir algumas injustiças. Na medida em que os problemas vão se avolumando é que começamos a ver algumas coisas que a gente nem se dava conta. Uma pessoa que, com sacrifício, tem uma casa para morar, que leva muito tempo para pagar, 10, 20 anos ou toda a vida, não merece o mesmo tratamento tributário, e quem compra 20, 30 imóveis para investir paga o mesmo imposto. Não é justo. E há que se corrigir esta injustiça, dentro das possibilidades da Câmara. Porque nós ainda somos bitolados quanto à legislação superior. A idéia é trazer este assunto em forma de projeto de lei e tentar encontrar uma solução.

 

O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que V. Exa. tem razão neste sentido. Poder-se-ia, na medida em que o imóvel pertencesse a uma pessoa só, ir diminuindo, gradativamente, de acordo com os anos de moradia do proprietário.

 

O SR. HERMES DUTRA: Está aí uma excelente idéia do Ver. Jorge Goularte. Não seria nem o caso de calcar no outro. Seria o de beneficiar aquele que tem o imóvel só para moradia. Vou acolher esta sua idéia e colocá-la no Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: A seguir, com a palavra, o Ver. Nilton Comin.

 

O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, conforme prometi a esta Casa, entrei com um projeto criando o Centro de Controle de Zoonoses para o Município de Porto Alegre. Um dos jornais de hoje traz em sua manchete o seguinte: “Helicóptero traz paciente ao Hospital de Pronto Socorro. Picado por uma cobra, provavelmente jararaca, o taxista Norberto Freitas da Silva, de 40 anos, entrou em coma no Hospital de Pronto Socorro. Diz o referido hospital que trata de 15 a 20 pacientes por mês”. Um funcionário desta Casa procurou-me para que tomasse providências no seu bairro, Belém Novo, sobre um problema existente de excesso de cobras, possivelmente jararacas. Este Projeto trata de mais de 150 zoonoses, desde insetos, répteis, roedores. E poderia, aqui, falar de vários deles. Este caso aqui, tratado pela imprensa, pelo “Correio do Povo” de hoje, é um dos tantos casos que na cidade de Porto Alegre ocorrem diariamente. Se o Pronto Socorro está dizendo que tem de 15 a 20 casos por mês, vejam bem os outros hospitais, os outros serviços médicos de urgência. Se eu falasse em ratos, que causam a leptospirose, que é causada pela urina do rato, que tem uma bactéria chamada “leptospira”, seriam mais de 20 casos por mês; se eu falasse em moscas, seriam outros tantos; se eu falasse em baratas, seriam outros tantos. O que ocorre é que a cidade de Porto Alegre, em matéria da saúde pública, não possui nada, não oferece nada nesse sentido à população indefesa das vilas pobres, das pessoas humildes que são acometidas. Porto Alegre tem que entrar com uma medida. Este Vereador entrou com um modesto projeto, embasado na OMS e na Organização Panamericana de Saúde, que dará os recursos ao Município através de um treinamento ao pessoal médico-veterinário e um repasse de dinheiro através de Ações Integradas da Saúde.

 

O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Somo-me a V. Exa., mais uma vez, neste assunto. V. Exa. é testemunha de que eu tenho um projeto para criar os centros integrados nos bairros, que foi votado nesta Casa e o Prefeito vetou, que propiciaria a todas as pessoas dos bairros mais necessitados a oportunidade de terem um órgão centralizador que poderia se estender a essa matéria que V. Exa. quer. Seria um pequeno centro integrado para os serviços essenciais da comunidade. Entre esses serviços, estaria a saúde. Muito obrigado.

 

O SR. NILTON COMIN: Excelência, eu, há pouco tempo, vi na imprensa um centro modelar que existe no Japão, que é, mais ou menos, parecido com o que propõe V. Exa. Ocorre que, neste País, quando se apresentam idéias como essa, tem que se fazer o que vou fazer nesta Casa: virei todos os dias falar no mesmo assunto. Porque Porto Alegre se preocupa e compra, do estrangeiro, aparelhos requintados, pagando em dólares, mas não cuida da mosca, da barata, do rato e de coisas que causam problemas terríveis à população. Agora, se vier um aparelho comprado com milhares de dólares e se vier um professor que fale inglês, alemão ou francês, aí farão uma Sessão Solene, não no Executivo, mas nesta Casa. Infelizmente, esta é a dura realidade da saúde pública no País. Eu estive, há pouco tempo, em Brasília. Foram me mostrar um aparelho sofisticado e eu perguntei a eles sobre o problema do mosquito no País. Eu quero saber sobre o problema do mosquito no País, da mosca no País. E disse ao Ministro: “Eu não vim aqui - como gaúcho que sou - para bater palma para Ministro”. E o Ministro era do meu Partido, e o seu nome, Dr. Roberto Santos. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, o que me traz à tribuna na manhã de hoje é uma notícia publicada pelo jornal “Zero Hora”, que se constitui em mais uma preocupação daquelas pessoas que têm, na cidade de Porto Alegre, a preocupação com a cultura, com os seus espaços culturais e com os seus meios de comunicações. A informação existente hoje é que o IAPAS ameaça despejar a nossa TV Educativa, a nossa Fundação da TV Educativa, que, na sua trajetória, na sua história, sempre enfrenta o problema de localização, desde o prédio inicial, que foi construído para a TV Educativa lá, no Jardim Botânico, Ver. Cleom Guatimozim - porque inicialmente o prédio da TV Educativa foi construído lá, no Jardim Botânico -, mas o que acontece é que os equipamentos da TV eram maiores do que as condições que o prédio possuía. Daí, a TV Educativa foi para a rua. Finalmente, conseguiu um excelente espaço para o desempenho das suas atividades na antiga TV Piratini, lá no Canal 5. A TV Educativa segue, permanentemente, com o espectro do despejo, a exemplo do que acontece com nosso povo, pois mais uma vez se vê às voltas com a iminência de um despejo, porque o IAPAS, que é hoje o maior detentor de imóvel do Brasil, estaria preocupado em despejar a TV Educativa. A TV Educativa, justiça seja feita... E esta Casa já teve a oportunidade de registrar inúmeras manifestações de apoio ao reerguimento do trabalho sério, em termos de comunicações, desempenhado pela TV Educativa de nosso Estado.

Informa o jornal que, com uma circular do Presidente do IAPAS, Félix Cristiano Theiss, o Superintende Regional Moacir Rodrigues de Abreu poderá selar o retrocesso definitivo para a Fundação Televisão Educativa do Rio Grande do Sul. O contrato de aluguel do prédio que a TVE ocupa no Morro Santa Tereza, mantido com o IAPAS há 5 anos, venceu em dezembro do ano passado. Seguindo orientação nacional do órgão, conforme Portaria 417, de 1986, Abreu pediu a liberação do imóvel no menor tempo possível. É a hora desta Casa, da Câmara Municipal, é a hora de as demais casas políticas de nosso Estado, é a hora de a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, é a hora de o novo Governo do Estado agilizarem posições com vistas a encontrar uma solução final e definitiva com relação ao prédio da TV Educativa para que a mesma, cujos inestimáveis préstimos estão aí para que todos vejam, não permaneça em situação permanente, acossada pela possibilidade de sair do ar em vista de ameaças freqüentes de local para ela se instalar.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero-me congratular com V. Exa., pois eu também havia destacado este assunto para um eventual pronunciamento no dia de hoje, até porque a situação do prédio agora é o assunto mais premente. Na verdade, os problemas da TV Educativa se arrastam já por algum tempo. Só para se ter uma idéia, a TV Educativa está sendo alvo de dezenas de ações trabalhistas de profissionais que foram perseguidos, que tiveram inúmeros problemas no final da administração do ex-Deputado Cândido Norberto. Mais do que isso, também houve uma política, nos últimos tempos, de desmonte da estrutura funcional da TV Educativa, contratando-se pessoas ligadas ao próprio Cândido, à própria Direção-Geral, ao PFL, enfim, pessoas que não eram profissionais, que não tinham a menor prática profissional, que não tinham tarimba, em substituição àqueles profissionais que já tinham demonstrado qualificação, tarimba. Em terceiro lugar, houve uma intervenção direta da direção da TV Educativa sobre a própria programação, tirando do ar, inclusive, programas que tinham um alto nível de audiência, porque, segundo a Direção, não correspondiam a uma linha que interessaria ao Governo do Estado, ao Dr. Jair Soares. Essas questões, em relação ao período anterior. Parece-me que a situação se agrava na medida em que o Governo Pedro Simon até agora não definiu o que faz na área da Cultura, como não definiu o que faz com a TV Educativa. Então, na verdade, a TV Educativa e seus profissionais estão preocupados porque não sabem o que vai acontecer com eles e com a TVE. Nem se sabe onde a TVE fica, qual é a sua situação dentro da administração do Estado, se fica diretamente ligada ao Governador, se vai permanecer na área da Educação. Enfim, parece-me que é urgente uma definição, primeiro em relação ao espaço, e uma política quanto ao seu futuro, sua programação e em relação ao funcionário que lá trabalha, que está profundamente preocupado. E, com isto, baixa o nível da programação.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sou grato a V. Exa. Entendo que as observações formuladas por V. Exa. extremamente procedentes.

Finalizo, Sra. Presidente, destacando que alguma solução que assegure a permanência da TVE naquele prédio, que só serve para instalação de estação de televisão, deve ser encontrada, porque não é possível que se crie uma situação em que a TVE tenha que ser despejada. E se sabe que o Estado tem dezenas, centenas de imóveis que poderiam, em termos de valores, ser permutados facilmente com o IAPAS, resolvendo esta aflitiva situação para que, daqui a alguns anos, não se tenha que discutir o espaço onde se localizar a TV Educativa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, hoje estou falando para os Srs. Vereadores, mas, principalmente, para os Anais da Casa, porque eu tomei uma decisão interna, minha, de que não falaria sobre assuntos do Governo Estadual, até por uma questão de ética e, também, por uma questão de que existem pessoas que por mim foram indicadas, e até subordinadas eram, como no caso da METROPLAN. Mas creio que devo colocar algumas posições, para que fiquem nos Anais da Casa com sua data correta. Está se instalando, neste Estado, um terrorismo funcional, um terrorismo econômico. E nesta viagem de S. Exa., o Governador do Estado, eu espero que ele tenha êxito, espero que ele consiga, efetivamente, aquilo que ele pretende, porque o Estado precisa. Mas, algumas colocações quero fazer para que depois não se acuse alguém que tem cargo eletivo, que atuou no Estado, por omissão. Então, nesta missão, que eu espero seja exitosa, se coloca que o Estado, pela primeira vez, vai pedir a reposição de recursos que cabem à Caixa Estadual, pela absorção de cadernetas de poupança de empresas que entraram em processo de liquidação. Eu diria que esse é um processo antigo, feito ainda no Governo do Dr. Jair Soares. Diria, também, que o pedido de que o Governo Federal pague pela implantação de estradas estaduais que passaram pelo Governo Federal também é uma reivindicação antiga já existente. Diria, também, que o pedido de retorno dos recursos que foram dados pela isenção do ICM é um processo antigo que se encontra no Banco Central há muito tempo. Diria, também, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que são absolutamente irreais as notícias que se apresentam da existência de 30 mil acúmulos irregulares, que não existem. Existem em levantamento anterior cerca de 1.100 casos, que já foram encaminhados para estudo de sua legalidade ou ilegalidade, porque existem muitas divergências. Então, esses números de 1.100 ou 1.150 que aparecem na imprensa são de processos já existentes no Governo anterior que, neste momento, têm estudadas suas repercussões, principalmente jurídicas. Mais ainda, se anuncia que muitas pessoas recebem mais do que um contracheque. Isso é verdade, porque todas as pessoas que têm dois cargos - um cargo de magistério e um de técnico - recebem dois contracheques. Eu, que sou técnico da Secretaria de Planejamento do Estado, recebi um contracheque como funcionário, recebi um segundo contracheque como gratificação pelo Palácio Piratini. Como as verbas são diferentes, é necessário que exista um segundo contracheque. Se, por acaso, eu fosse de um conselho de qualquer empresa, eu não era, eu receberia um terceiro contracheque que corresponderia a um quarto do salário mínimo, dependendo do local.

Finalmente, Sra. Presidente, Srs. Vereadores, eu queria, hoje, colocar nos Anais, para que não passe em julgado, a afirmação do Dr. César Schirmer, que afirma, nos jornais de hoje, que se, por acaso, não receber recursos do Governo Federal, entregará as chaves do Governo do Estado para o Sr. Dilson Funaro. Acho que não fica bem para os gaúchos esta afirmação. Se por acaso vai entregar a chave a alguém, que entregue ao Dr. Aldo Pinto, no qual não votei, porque não é meu candidato, mas queria administrar o Estado e ficou em segundo lugar na eleição.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Artur Zanella, V. Exa. toca num ponto que eu acho fundamental, que é essa mania que tem todo mundo de, na impossibilidade de botar uma melancia na cintura, porque é muito pesada, fazer qualquer coisa para aparecer. É sabido que esta história de funcionário “fantasma”... Até acho que devem existir um, dois, dez ou vinte, mas é inexpressivo. Vejam o problema dos professores. Anunciou-se, há uns tempos atrás, que havia 16 mil professores “fantasmas” e saiu em todos os jornais. Averiguada a situação, foram ver que eram 16 mil contracheques de professores que tinham duplicidade e até triplicidade. Não se trata de acúmulos ilegais. Eu conheço uma professora que recebe três contracheques, cada contracheque equivalente a 12 horas. É vexatório que, ao invés de se preocuparem com os graves problemas que o Estado tem, se fique tentando desviar a opinião pública com esta conversa.

 

O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Lamentavelmente, os primeiros sintomas da Administração Simon denotam um vôo cego e revanchismo. Revanchismo ao tentar colocar no pelourinho público funcionários, como V. Exa. explica, em situação perfeitamente legal. “Devagar que o santo é de barro!” À violência administrativa e aos vexames públicos responderemos com vexame público e com ação xiita. Não respeitaremos nem honra e nem dignidade.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Mas, encerrando, eu vejo que novos tempos estão chegando. Eu mesmo, ontem, fui acusado pelo Prefeito Giacomazzi, de Canoas, de trabalhar com uma equipe pequena na Secretaria. Eu até achei que fosse um elogio, porque, exatamente, eu utilizava a equipe técnica de outras Secretarias. Como não saiu no jornal, eu gostaria que ficasse registrado nos Anais que o Dr. Giacomazzi quer, na verdade, é terminar com a granja solidária de Canoas para lá colocar moradores. E só o futuro dirá se é melhor para Canoas levar mais pessoas para morar naquela cidade, ou manter um pulmão verde de 40 hectares produzindo alimentos baratos para a população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. Com a palavra, o Ver. Pedro Ruas.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, acredito que, como todos os representantes desta Casa, Vereadores que têm a responsabilidade da representação popular, devemos subir a esta tribuna para esclarecer fatos, criticar e elogiar, quando este é o caso.

Em nossa opinião, os episódios de ontem, registrados quando da movimentação dos grevistas bancários, atropelados pela Brigada Militar na manifestação específica de um direito de reivindicação que a própria lei lhes confere, não têm cabimento. Em que pesem as declarações do Sr. Valdir Walter, homem de bem, que nós conhecemos e que sabemos não ser diretamente responsável pelos episódios de ontem, temos a certeza de que é um mau começo de governo este tipo de repressão aos grevistas num justo direito de reivindicação. Sabemos das obrigações de manutenção de ordem. Sabemos das responsabilidades do Governo. Mas não há justificativa para a atitude tomada ontem em repressão aos grevistas bancários. Frisei bem, porque temos certeza que não há interferência direta do Sr. Secretário Valdir Walter. Agora, que o Sr. Secretário tome cuidado e, acima de tudo, assuma, de uma vez por todas, já no início deste Governo, o comando dos atos repressivos que vão se instalar neste Estado, a fim de que não tenhamos a triste repetição de episódios como o de ontem no Centro da Cidade.

De outro lado, gostaríamos de fazer um registro importante. A Caixa Econômica Estadual, em especial a Agência Praia de Belas, mereceria um elogio sempre que possível aqui, desta tribuna, pelo atendimento que faz - inclusive sendo todos eles companheiros do Ver. Clóvis Brum - através da sua gerência, Sr. Cézar Renato da Cruz, homem comprometido com movimentos importantes desta Cidade, embora não sendo do meu Partido, sendo do Partido do Ver. Clóvis Brum, mas eu acho que pensa diferentemente do Ver. Clóvis Brum em algumas coisas.

Gostaria, também, de manifestar a nossa alegria pelo fim do caso Paulo Satte, que, eu não sei se os Senhores sabem, foi ontem assaltado e seqüestrado, colocado no porta-malas de um automóvel e libertado agora pela manhã.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): O nobre Vice-Líder da Bancada do PDT traz a esta Casa um fato que a todos deixa preocupados. Pedimos que a Mesa tome algumas providências, trazendo mais elementos do que estes que o Ver. Pedro Ruas trouxe, pois que até agora não nos havia comunicado nada. Repentinamente, assoma à tribuna e comunica um fato dessa natureza.

 

O SR. IGNÁCIO NEIS (Questão de Ordem): Solicitaria à Mesa que entrasse em contato com a Secretaria de Segurança e exigisse do Governo do Estado providências imediatas, respostas a estes problemas e, inclusive, com relação a toda situação da questão de segurança do cidadão de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, que está a exigir soluções imediatas.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Apenas para registrar, face às Questões de Ordem anteriores, também a nossa surpresa e dizer que, diariamente, centenas de trabalhadores também são assaltados. Graças a Deus que o Ver. Paulo Satte já está em liberdade e salvo! Este é o grande regozijo da Casa e da comunidade de Porto Alegre, que tem o seu Vereador novamente. Mas o problema de segurança é um problema internacional.

 

O SR. PEDRO RUAS: O Ver. Clóvis Brum vestiu uma carapuça - a qual não entendi bem por que - dizendo que o problema do Ver. Paulo Satte não deveria nem ser colocado, de vez que o problema de segurança é internacional. Não culpamos ninguém. Apenas nos regozijamos pela soltura do Vereador após ser seqüestrado e trancado na mala de um automóvel durante 12 horas. Para concluir, diria que aguardamos, com muita expectativa, o comportamento futuro da Secretaria de Segurança com relação a episódios como o registrado ontem no Centro da Cidade, que deixou em todos nós a impressão de que a troca de Governo, no que tange ao tratamento dos trabalhadores, ainda não mostrou nenhuma diferença. Tenho certeza de que homens de bem estão à testa do Governo Estadual neste momento, e solicitamos, desta tribuna, que explicações sejam dadas e que jamais se repitam comportamentos como os de ontem, de repressão aos trabalhadores exercendo seu legítimo direito de reivindicação de melhores salários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GETÚLIO BRIZOLLA (Questão de Ordem): Gostaria de colocar que é verdade o que aconteceu com nosso colega de Bancada e dizer que, no mês passado, o Presidente José Sarney teve a audácia de entregar a chave de dois carros zero-quilômetro para dois ex-Presidentes da República e mais quatro seguranças. Acho que, assim como eles têm direito, os Vereadores também precisam de maior segurança. Têm direito a ela.

 

A SRA. PRESIDENTE: A Mesa ouve V. Exa., mas somente gostaria de ressaltar que não se trata de uma Questão de Ordem.

Com a palavra, em tempo de Liderança, o Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, brincadeiras à parte, eu acho que o que aconteceu com o Ver. Paulo Satte é um fato de extrema gravidade e peço à Bancada do PDT que leve a solidariedade da Bancada do PDS ao ilustre Vereador. Este fato vem demonstrar o alto grau de insegurança em que vive a cidade de Porto Alegre. Vejam que o que temos ouvido no noticiário em matéria de seqüestros em São Paulo e no Rio de Janeiro é impressionante. Ontem os jornais noticiavam a morte de dois seqüestradores que seqüestraram uma menina de apenas dois anos e meio, retirada de dentro de sua casa. Em Porto Alegre, o problema de violência tem aumentado de forma preocupante. Tenho ouvido, como justificativa para o aumento da violência, a marginalização social. Sabemos que é um fato característico da violência urbana, mas, se olharmos os jornais, observaremos que a maioria desses casos de seqüestro, assaltos, como este ocorrido com o Ver. Paulo Satte, não são realizados por pobres de vilas. Temos visto coisas de arrepiar o cabelo feitas por filhos de gente de classe média alta e rica. Acho que a sociedade não pode se contentar passivamente em analisar o fenômeno e fazer como o avestruz, enterrando a cabeça no buraco, alegando que isso se dá em função do distúrbio social e da destruição da família. Acho que a análise deve ser feita, as conseqüências também devem ser analisadas e as causas combatidas, mas acho de fundamental importância que o Estado dê resposta ao cidadão que cumpre seus deveres, que paga seus impostos, ao pai de família que necessita segurança. Em relação a este aspecto, a nossa legislação deveria ser um pouco mais rigorosa, pois não é semanal, é diária a manifestação violenta nas ruas por parte de “filhinhos-de-papai” na hora em que saem dos bailes e a polícia sequer tem condições de elaborar um auto de flagrante. São questões que merecem nosso respeito. Os direitos do cidadão, mesmo marginal, devem ser preservados, mas um rigorismo a mais por parte da autoridade competente, nesses casos específicos, em que ninguém está roubando por ter fome, mas porque é efetivamente mau, é necessário. Não justificamos, mas podemos até aceitar aquele que rouba para matar a fome do filho ou a sua própria fome. Nós não podemos transigir com esse clima de violência. E este clima de violência, infelizmente, precisa de uma mão forte da autoridade, neste aspecto, porque é desajuste. Sobretudo, precisamos conseguir que autoridades se livrem da pressão da família, dos amigos da família, enfim, daquela classe mais abastada que consegue pressionar a polícia, impedindo-a, muitas vezes, de fazer uma ação em defesa de um chefe de família, em defesa, até mesmo, de uma criança. Essas questões têm sido aumentadas de forma assustadora. Só quando acontece um caso mais grave é que elas vêm a público e passa-se a questionar e a discutir. Eu tenho conversado com pessoas que viajam por outros países e é de se impressionar a rapidez com que há uma punição para esta pessoa. Quer dizer: um “filhinho-de-papai” dirige embriagado, faz arruaças, e ele, imediatamente, é preso. Dois, três dias depois, o juiz dá a sentença, que é de 10, 20, 30 dias de cadeia, coisa impensável no nosso País. E essa aura de impunidade faz com que cresça esta questão da violência. Eu ressalvo o aspecto do desajuste social, que ninguém pode ignorar, mas acho, até certo ponto, um desaforo às populações pobres dizer-se que é só marginal de vila que rouba e ataca. Há muito marginal aí que faz essas arruaças, vive bem e que faz única e exclusivamente por ser mal-educado e por não ter respeito com a pessoa humana.

Neste aspecto, Sra. Presidente, gostaria de fazer o registro, aproveitando o gancho deste triste episódio com o Ver. Paulo Satte. Nós temos que nos desvencilhar de vez desta mania de querermos preservar os nossos amigos, os filhos dos nossos amigos. A lei deve ser igual para todos, e a certeza da punibilidade do crime é a maior garantia do cidadão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Caio Lustosa em Comunicação de Líder.

 

O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, o instante que atravessa o País, de movimentos reivindicatórios de reposição salarial por parte do funcionalismo, do Magistério e dos bancários, exige daqueles que, como nós, estiveram sempre alinhados junto às camadas exploradas um posicionamento que acredito ser um posicionamento dos setores mais conseqüentes de nosso Partido, de apoio a essas lutas, de apoio à mobilização, tentando fazer com que as vítimas do Plano Cruzado II não percam espaço para o terrorismo da especulação financeira, da débâcle administrativa, conseqüência de um duro período autoritário. Aí estão os movimentos dos bancários, dos funcionários federais, estaduais, e do Magistério. A eles todos a nossa solidariedade e o sentimento de que o Governo do Estado, que tem à sua frente o Governador Pedro Simon, dê forma diferente ao trato dessas reivindicações por demais justas. A mesma coisa se diga em relação ao episódico fenômeno de repressão ontem ocorrido em relação aos bancários. Quem conhece o comportamento, a diretriz firmada pelo Secretário Valdir Walter à testa da Secretaria de Segurança Pública, quem assistiu, por exemplo, ontem, ao seu pronunciamento claro, franco, na televisão Manchete, sente e sabe que alguma coisa mudou em relação à Segurança Pública neste Estado. Basta se olhar para os escalões por ele preenchidos na Polícia Civil para se ver que, ao invés da postura repressiva, da postura autoritária imprimida aos órgãos policiais até bem pouco, se procura um caminho em que a segurança seja encarada como um direito, antes de tudo, do cidadão e da coletividade, e que a autoridade pública tem que estar submetida ao império da lei, sem arbitrariedades, com repúdio, principalmente, aos métodos de tortura, com esclarecimento das infrações penais. Esse é o propósito firme do Secretário Valdir Walter e quem o conhece, quem conhece o seu passado de parlamentar, de lutador destemido em toda a vida pública, pelos direitos humanos, pode e tem que lhe abrir um grande crédito. Poderá, talvez, até ser mal-sucedido nesta tentativa, mas alguma coisa mudou em relação à Segurança Pública deste Estado.

Vou concluir, Sra. Presidente, mas não sem antes de fazer uma leve referência à questão do saneamento, por assim dizer, do funcionalismo público na questão de pagamentos indevidos, de duplo emprego, de cheques de pagamento multifários, enfim, de uma orgia que se perpetrou em matéria de administração pública neste Estado, em que um único exemplo já basta para mostrar como foi administrado o Rio Grande do Sul nos governos do PDS e da Frente Liberal. A Fundação Gaúcha de Gastroenterologia, na Rua Silva Só, tinha, em seu quadro, nada menos do que cem bacharéis em Direito a receberem como se advogados ou procuradores fossem, numa mordomia ilegal e imoral. E coisas como essa têm que acabar. É apenas um exemplo do que se fez em matéria de funcionalismo com, inclusive, o prejuízo daqueles verdadeiros funcionários públicos que com isso sofrem, agora mesmo, a ameaça até de não receberem os proventos a que têm justo direito. O PMDB, então, coloca, neste instante, considerações como esta, certo de que não se pode confundir a coibição de abusos feitos na administração estadual com o desrespeito aos direitos legítimos do funcionalismo, que será, certamente, um auxiliar importante na recuperação da vida pública e administrativa no Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PT. Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, no episódio da greve dos bancários, até acompanhando com atenção e respeito o pronunciamento do Ver. Caio Lustosa, nós podemos até admitir que haja uma nova postura do Secretário de Segurança, e não mudo, em princípio, a minha confiança no Secretário, mas uma medida ele vai ter que tomar: ou ele assume de fato o controle da Brigada Militar, ou a Brigada Militar assume o seu controle. Porque há um fato concreto, inegável: houve violência por parte da BM ontem de manhã. Está aí o sujeito, sendo operado hoje, por força de cassetetes. Não há o que discutir. Então, ou o Comandante da Brigada desrespeitou o Secretário de Segurança, ou os soldados da Brigada desrespeitaram o comando da corporação, e isso tem que ser averiguado. O certo é que houve uma intervenção, nos primeiros momentos da greve, mais violenta do que nos últimos meses da administração do Dr. Jair Soares. Este é um dado concreto. No mais, Vereador, eu concordo com o pronunciamento de V. Exa. Não sou do PMDB, não tenho procuração para defender o PMDB, mas algumas coisas que são concretas devem ser reconhecidas. Evidentemente, acho que não se está instalando um clima de terror dentro do funcionalismo estadual. O que deve ser feito é medir a realidade dos fatos. As informações são concretas. Basta nós conversarmos com os verdadeiros funcionários públicos, basta nós conversarmos com os verdadeiros professores estaduais que estão em sala de aula. Sabe-se que há desvios, que há gente se locupletando. Nós não temos a menor dúvida. Portanto, estes, sim, devem ser localizados e identificados e demitidos e não me parece que isto seja terror em relação ao funcionalismo público. Aliás, deveria se fazer isto, também, Ver. Pedro Ruas, na Prefeitura de Porto Alegre. Agora, o problema é que o Prefeito Collares não quis, não pôde, não teve coragem, nos primeiros messes da administração do ano passado, e, evidentemente, não fez nos primeiros dias, não faz mais e nós continuamos com toda uma estrutura de mordomia dentro das Secretarias da Prefeitura Municipal, o que onera, sobremaneira, a folha de pagamento e impede melhores aumentos, melhores salários em relação ao verdadeiro funcionalismo. A situação é igual tanto na Prefeitura quanto no Estado, talvez agravada no Estado porque é uma máquina muito maior.

Eu queria fazer um duplo registro e me parabenizar com o Secretário Nereu D'Ávila. Segundo noticiário de hoje, a SMIC vai adotar o alvará anual. Eu acho esta medida muito positiva. Aliás, eu lembraria que já apresentei um Projeto de Lei nesse sentido, de que se transformassem os alvarás de localização em alvarás anuais. Em primeiro lugar, porque gerará uma nova receita para a Prefeitura Municipal. Em segundo lugar, porque possibilitará uma fiscalização concreta da Prefeitura sobre empresas que, eventualmente, fecham as suas portas no decorrer do ano, passam o espaço para uma nova empresa, num novo trabalho, num novo processo de desenvolvimento, em outra ocupação, mas permanecem ocupando aquele espaço. A SMIC não tem qualquer controle sobre esta situação. Então, eu queria aqui, realmente, congratular-me com o Secretário Nereu D'Ávila, que toma uma medida objetiva de controle. Eu espero que ele faça isto agora, também, com os camelôs e ambulantes. Deve-se ter isonomia absoluta. Aliás, é a minha reivindicação inclusive junto a esta Comissão presidida pelo Ver. Clóvis Brum. Eu entendo que nós devemos dar tratamento igualitário ao comerciante estabelecido e ao camelô e ambulante. Se ao comerciante estabelecido, enfim, alguém vai ter coragem de exigir um controle e uma fiscalização anual, também me parece que a Lei dos ambulantes deverá ser aplicada.

E o último registro, Sra. Presidente. Eu quero, também, congratular-me com o Secretário Ver. Elói Guimarães, que levanta a questão dos quebra-molas na cidade de Porto Alegre. Não tenho uma posição definida. Mas não há dúvida de que alguma coisa deverá ou deveria ser feita na questão do trânsito de Porto Alegre. No final da matéria do jornal de ontem, se diz dos prós e contras da medida dos quebra-molas, e um motorista diz: “Se os motoristas temem os quebra-molas porque eles vão causar acidentes, que andem mais devagar”. Acho que aí está o motivo básico para nós apoiarmos a implantação do quebra-molas. Quem não quiser sofrer algum acidente pelo quebra-mola, que ande mais devagar, porque o que nós temos, hoje, realmente, é um absoluto desrespeito no trânsito desta Cidade, sobretudo em frente às escolas. Ainda ontem, na reunião do CMP da Dom Diogo de Souza, uma mãe fazia este pedido: “Vereador, peça para a SMT colocar quebra-molas aqui em frente da escola, porque é um absurdo a velocidade com que passam os automóveis”. Inclusive os ônibus, diga-se de passagem, da Empresa Nossa Senhora do Trabalho, que fazem a linha por trás da escola, onde tem uma saída.

Parece-me que o Ver. Elói Guimarães levanta em boa hora uma discussão importante - a implantação de quebra-molas -, porque mais do que um carrinho quebrado vale, evidentemente, a vida das nossas crianças. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: A Mesa recebe um documento assinado pelo Ver. Cleom Guatimozim, Líder do PDT, onde comunica à Presidência que a Verª Teresinha Irigaray ocupará uma das Vice-Lideranças do PDT, em substituição ao Ver. Isaac Ainhorn.

O segundo documento entregue por V. Exa. exige da Casa eleição. Eu comunico aos Srs. Vereadores a sua solicitação, mas teremos que fazer a eleição na próxima Sessão, já que, no dia de hoje, não temos “quorum” qualificado.

O nobre Ver. Cleom Guatimozim comunica também à Presidência a permuta que deseja seja feita entre os Vereadores Isaac Ainhorn e Kenny Braga nas Comissões Permanentes da Casa, passando o Ver. Kenny Braga à Comissão de Justiça e Redação e o Ver. Isaac Ainhorn à Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação.

A palavra com o Ver. Wilson Santos, em Comunicação de Líder.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, ontem eu abordei o assunto da penúria salarial dos cabos e soldados da Policia Militar, especialmente da nossa Brigada Militar. Hoje, estou recebendo os dados referentes à Polícia Civil, onde dão conta de que o salário de um inspetor e de um escrivão de polícia é de Cz$ 4.396,60 e o do investigador de polícia, a quem é exigido, inclusive, o segundo grau, é de Cz$ 2.797,60.

Ora, eu utilizo o espaço de Liderança de meu Partido para registrar que, do pronunciamento que fiz ontem, nesta tribuna, e do registro que estou fazendo também agora, enviarei cópia ao Secretário de Segurança Pública, pedindo que, mais do que nunca, se faça um criterioso exame dos salários pagos aos degraus mais inferiores, ao nível mais baixo da Polícia Civil e da Brigada Militar, qual seja, inspetor, escrivão e investigador, cabos e soldados, porque eles exercem, na verdade, a missão de combater, de prender, de andar atrás do marginal. Eu pergunto: qual o estímulo que têm esses agentes recebendo uma quantia miserável por mês, sendo palco de dificuldades, vendo sua família se debater nas maiores dificuldades de alimentação, de habitação, de vestuário, de saúde, e uma série de outras necessidades imperiosas para a vida?

Por isso, estaremos encaminhando ao Secretário de Segurança. Porque um aspecto é o quadro global, é analisar-se o vencimento do coronel e analisar-se o vencimento do delegado. Não que ache que o delegado e que o coronel estejam ganhando bem, mas acho que o salário geral da Polícia Civil e da Brigada Militar tem que melhorar. Acontece que o salário do delegado e do coronel permite, ainda, uma vida digna. O que não permite uma vida digna e sim uma vida indigna é o salário dos cabos e soldados, dos investigadores e dos escrivães.

Era esta a colocação e o registro que gostaria de fazer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, em tempo de Liderança.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, lamentavelmente, os acontecimentos de ontem - que a imprensa registrou - a respeito dos incidentes que se verificaram entre a Brigada Militar e os grevistas bancários, comportam uma análise mais profunda.

É sabido de todos que, no regime autoritário de até há pouco tempo, as Secretarias de Segurança de todos os Estados estiveram controladas pelo sistema de segurança nacional. Os governadores não tinham nenhum controle sobre as suas Secretarias de Segurança, e isso abrangia as Polícias Civil e Militar. No episódio de ontem, Srs. Vereadores, configura-se com nitidez a inconformidade de certos setores da Brigada Militar do Estado - e lamento ter que dizer isso - com o novo estado de direito que se está tentando implantar nesse País. Existe gente interessada em testar até onde vai a autoridade do novo Secretário da Segurança. S. Exa. declarou, nos dias que precederam à greve, que respeitaria o direito dos grevistas e de quem quisesse trabalhar. Pedia apenas que os piquetes, os quais ele não dissolveria, ou não mandaria dissolver, se agissem, o fizessem com a persuasão verbal. Até se pode admitir que, num processo grevista, no seu primeiro dia, alguns excessos fossem cometidos, como certamente o foram, mais isso não configura uma situação anormal. É um acidente. Preocuparam-me, ontem pela manhã, as primeiras notícias sobre o espancamento do bancário que hoje foi submetido a uma operação cirúrgica para correção de um osso quebrado, proveniente da pancadaria.

O Sr. Valdir Walter foi muito comedido nas suas impressões iniciais, e esse comedimento revela a precariedade da situação do Secretário de Segurança no atual e novo Governo do Estado. O Sr. Valdir Walter, um homem inteligente, sabe que não tem o bafejo dos órgãos de Segurança Nacional. Daí por que certos setores interessados e ainda incrustados na Brigada Militar - não toda ela, diga-se de passagem, mas certos setores ainda vinculados ao sistema de repressão - estão testando a autoridade do Secretário. S. Exa. atravessa um grave momento no qual a sociedade deve estar atenta e lhe dar o respaldo necessário, porque esse é o primeiro degrau de uma escalada que, se não for obliterada, vai ter repercussões muito sérias. Ou o Secretário de Segurança e o novo Governo Estadual assumem de fato o comando do policiamento, ou nós teremos a volta àquela situação que nós estávamos acostumados a ver, de instabilidade.

Existem coisas que ainda não podem ser ditas, mas é preciso colocar os pingos no “is”. Ontem, não houve apenas um incidente entre Brigada e grevistas. Foi muito mais além. E é preciso que a população esteja atenta a isso. Nós, de nossa parte, entendemos a situação precária do Secretário de Segurança, mas S. Exa. tem competência, habilidade e conhecimento para tentar contornar esse primeiro episódio, pois, se não souber fazê-lo, não será apenas o primeiro. Será o início de uma série de outros. Lamento. Já dei minha solidariedade aos bancários grevistas. Acho que, neste País, nesse instante, a categoria que não reivindicar com muita firmeza os seus direitos, as suas necessidades, não obterá nada. E hoje já se vê, com muita clareza, o recuo dos banqueiros com relação à efetiva conquista dos bancários na sua greve. É uma questão de força! Quem puder fazer uma greve como esta que os bancários estão fazendo leva. Se não, vai acontecer de novo aquela repressão que nós estávamos acostumados a ver. Por hoje é só, Srs. Vereadores.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: A Presidência apregoa o Processo nº 0635, PLL nº 009/87, de autoria do Ver. Cleom Guatimozim, que denomina TVS um logradouro público.

Face à inexistência de “quorum”, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 11h27min.)

 

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